Pré-diabetes: o que é? Veja os sinais e como reverter o quadro
Dr. Márcio de Queiroz Elias Publicado em: 17/10/2025 - Atualizado em: 17/10/2025
No dia a dia acelerado, é comum recorrer a alimentos ultraprocessados, lanches ricos em açúcar e carboidratos e, para piorar, deixar a atividade física sempre para “amanhã”. Se essa rotina soa familiar, é hora de ligar o alerta: você pode estar a caminho do pré-diabetes1.
Esse risco aumenta ainda mais quando existe predisposição genética e facilidade para ganhar peso. Nesses casos, o corpo precisa trabalhar mais para produzir insulina, especialmente diante de picos de glicose frequentes1.
E a preocupação é real: em 2024, mais de 15 milhões de brasileiros apresentaram glicemia de jejum acima do recomendado e outros 17,7 milhões tiveram redução da tolerância à glicose, dois sinais laboratoriais claros do estágio prévio ao diabetes2.
Porém, não se assuste com esses números, já que, com diagnóstico precoce e mudanças de hábitos, é possível reverter o quadro e recuperar a saúde.
Neste artigo, explicaremos o que é pré-diabetes, como reconhecer os sintomas, formas de prevenção, quanto tempo demora para reverter o pré-diabetes e dicas de alimentação para quem já vive essa realidade.
Resumo
- O pré-diabetes é uma condição em que a glicemia está acima do normal (100 a 125 mg/dl), mas ainda não caracteriza o diabetes tipo 23.
- Geralmente assintomática, os possíveis sintomas incluem fadiga, visão turva, infecções recorrentes e ganho ou perda de peso inexplicável3.
- Para prevenir o quadro, mantenha uma dieta equilibrada, perca o excesso de peso, pratique atividade física regular, evite açúcares adicionados e gerencie o estresse3-6.
- A reversão desse estágio varia conforme a saúde inicial e a consistência nas mudanças. Estudos mostram que é possível reduzir significativamente a glicose em até seis meses7.
- Na dieta, o que o pré-diabético pode comer são: vegetais, frutas cítricas, proteínas magras, grãos integrais e peixes4.
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Boa leitura!
O que é pré-diabetes?
O pré-diabetes é uma condição em que os níveis de açúcar no sangue estão acima do normal, mas ainda não atingem os valores que caracterizam o diabetes tipo 2. Nesse estágio, o organismo tem dificuldade para manter a glicemia saudável, que pode variar entre 100 e 125 mg/dl em jejum3.
Além de ser um importante fator de risco para o tipo 2 da doença, o quadro aumenta a probabilidade de desenvolver doenças cardiovasculares e cerebrais. Por isso, uma vez diagnosticada, é essencial monitorar o quadro a cada um ou dois anos3.
A primeira linha de tratamento envolve mudanças no estilo de vida, especialmente a adoção de uma alimentação equilibrada e a prática regular de atividade física3.
Essas medidas impedem a progressão para o diabetes, condição que, sem intervenção, ocorre em cerca de 70% dos casos3.
Segundo o Atlas da Federação Internacional de Diabetes (IDF), mais de 16 milhões de brasileiros entre 20 e 79 anos vivem com diabetes, o que coloca o país na sexta posição do ranking mundial2.
A boa notícia para quem recebeu o diagnóstico é que, com esforço e acompanhamento adequados, é possível reverter o pré-diabetes e recuperar a saúde, com melhorias concretas no dia a dia3.
Quais são os sintomas de pré-diabetes?
Geralmente, os pacientes não apresentam sintomas de pré-diabetes. Por isso, manter os exames de rotina atualizados é fundamental, especialmente para quem tem histórico familiar da doença3.
Quando o corpo manifesta sinais, os mais comuns incluem3:
- aumento do apetite;
- cortes ou contusões que demoram a cicatrizar;
- fadiga;
- fraqueza;
- IMC elevado;
- infecções recorrentes na pele ou sangramento gengival;
- perda ou ganho de peso inexplicável;
- sudorese excessiva;
- visão turva.
O principal dos sintomas de pré-diabetes é a glicose no sangue elevada (hiperglicemia), uma evidência que só pode ser confirmada por meio de exame laboratorial. Por isso, realizar check-ups anuais é essencial para detectar alterações precocemente3.
Fatores de risco da doença
Algumas condições aumentam o risco de desenvolver pré-diabetes e, consequentemente, sintomas, como3:
- diabetes durante a gestação;
- hipertensão arterial;
- histórico familiar de diabetes mellitus;
- níveis elevados de gordura no sangue (dislipidemia);
- sedentarismo;
- Síndrome do Ovário Policístico (SOP);
- sobrepeso ou obesidade (IMC acima de 25).
Pessoas que apresentam uma ou mais dessas características devem redobrar a atenção aos possíveis sintomas de pré-diabetes e manter acompanhamento médico regular3.
Leia também: Quais as consequências do sedentarismo para a saúde?
Como prevenir o pré-diabetes?
Controlar os fatores de risco é fundamental para prevenir o pré-diabetes e evitar sua evolução para o diabetes tipo 2. Para isso, é necessário adotar mudanças consistentes no estilo de vida.
Confira as principais recomendações para manter uma rotina mais saudável e distante de doenças.
1. Mantenha uma dieta equilibrada
Dê preferência a alimentos naturais e minimamente processados, como vegetais com baixo teor de carboidratos e ricos em fibras, proteínas magras, grãos integrais e frutas cítricas. Essa combinação ajuda a estabilizar os níveis de açúcar no sangue4.
Uma boa proporção no prato é: metade de vegetais, um quarto de proteína magra e um quarto de carboidratos. Reduzir a quantidade de carboidratos simples evita picos de glicemia após as refeições4.
2. Perca o excesso de peso
Perder peso é uma das principais orientações médicas para prevenir o pré-diabetes, pois ajuda a combater a resistência à insulina3.
Estudos mostram que a redução de 5% a 7% do peso corporal pode diminuir o risco de evolução para o diabetes tipo 2 em até 58%5.
3. Pratique atividade física regularmente
O exercício físico moderado aumenta o uso da glicose pelo corpo e melhora a sensibilidade à insulina nos músculos em até 40%3.
O ideal é acumular 150 minutos por semana, divididos em sessões de 30 minutos, cinco vezes por semana. Caminhar, pedalar, nadar ou praticar qualquer atividade prazerosa já faz diferença3.
4. Evite alimentos com açúcares adicionados
Troque carboidratos simples por carboidratos complexos, como vegetais e cereais integrais ricos em fibras, que ajudam a manter a glicemia estável. Também limite bebidas açucaradas, como refrigerantes e sucos industrializados, pois elevam rapidamente o açúcar no sangue6.
O acompanhamento com um nutricionista é essencial para desenvolver um plano alimentar de longo prazo realmente eficaz para evitar o diabetes6.
5. Gerencie ou reduza o estresse
O estresse constante está associado ao aumento da glicemia. Faça pausas a cada uma ou duas horas para respirar profundamente ou realizar alongamentos simples. Momentos de desaceleração durante o dia ajudam a equilibrar corpo e mente6.
Quanto tempo demora para reverter o pré-diabetes?
A resposta para quanto tempo demora para reverter o pré-diabetes é: depende. O prazo varia conforme o estado de saúde inicial, o grau de resistência à insulina e, principalmente, a consistência nas mudanças de alimentação e estilo de vida. O objetivo não é apenas nivelar a glicemia, mas também mantê-la estável7.
Pesquisas mostram que pessoas que adotaram intervenções positivas, como ajustes na dieta, prática regular de atividade física e controle do peso, apresentaram redução significativa da glicose já em seis meses, com melhorias contínuas durante todo o período de acompanhamento7.
O que o pré-diabético pode comer?
Na lista do que o pré-diabético pode comer, estão alimentos ricos em nutrientes e de baixo índice glicêmico, como4:
- arroz integral;
- aveia;
- bacalhau;
- bananas;
- batata-doce;
- brócolis;
- carne de boi e porco magras;
- cenoura;
- feijão;
- frango;
- kiwi;
- laranja;
- limão;
- maracujá;
- massa de grão integral;
- salmão.
Quanto mais natural e variada for a alimentação, com foco em produtos frescos e minimamente processados, menor será o risco de evolução para o diabetes e outras doenças crônicas4.
Construa um futuro mais saudável
Para manter os benefícios conquistados com a reversão do pré-diabetes, é essencial adotar mudanças duradouras no estilo de vida.
Dê pequenos passos e estabeleça metas realistas. Constância é mais importante que perfeição. E, se houver deslizes no caminho, recomece sem culpa.
Acompanhe sua saúde com consultas regulares ao médico e utilize um diário ou aplicativo para registrar alimentação, exercícios e níveis de glicose no sangue.
Sobre o autor
Dr. Márcio de Queiroz Elias
Graduado em Medicina pela Faculdade de Medicina de Santo Amaro em 1994, concluiu sua especialização em Ginecologia e Obstetrícia no Hospital Beneficência Portuguesa de São Paulo em 1996. Entre 2004 e 2005, ocupou posições de liderança em maternidades e instituições hospitalares, onde consolidou sua experiência em gestão na área da saúde.