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Vortioxetina tira o sono? Descubra para que serve e como tomar

Dr. Márcio de Queiroz Elias Publicado em: 10/09/2025 - Atualizado em: 10/09/2025

Saiba o que é vortioxetina, para que serve, como tomar o medicamento corretamente, possíveis efeitos adversos e confira se a substância tira o sono.

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A depressão pode comprometer funções mentais importantes, como memória, raciocínio, atenção e linguagem. Entre as opções de tratamento disponíveis, a vortioxetina se destaca por ser o primeiro antidepressivo com eficácia clínica comprovada na melhora da cognição em adultos com transtorno depressivo maior (TDM)1.

O resultado significa que o medicamento pode auxiliar na recuperação de habilidades essenciais para o dia a dia, o que contribui não apenas para o controle dos sintomas da doença, mas também para a restauração da autoconfiança1.

Seu efeito está relacionado à ação como inibidor seletivo da recaptação de serotonina (ISRS), neurotransmissor fundamental que diminui em pessoas com depressão2.

A vortioxetina aumenta a atividade dessa substância no cérebro, o que favorece o equilíbrio químico e a função cognitiva2.

A prescrição e como tomar vortioxetina devem ser sempre definidos por um médico. Neste artigo, explicaremos o que é, para que serve o medicamento, a necessidade de receita e os possíveis efeitos colaterais.

Resumo

  • A vortioxetina é um antidepressivo multimodal com eficácia comprovada na melhora da cognição em adultos com depressão1.
  • O ativo serve para o tratamento do transtorno depressivo maior (TDM), pois auxilia na modulação da serotonina no sistema nervoso central4.
  • A recomendação é tomar vortioxetina por via oral, com ou sem alimentos, de manhã ou antes de dormir. O comprimido deve ser ingerido inteiro, com um pouco de água6.
  • Os efeitos colaterais mais comuns são: náusea, vômito, diarreia, constipação e boca seca3.
  • O medicamento não tira o sono, mas pode provocar alterações, como sonhos anormais e suores noturnos6.

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Boa leitura!

O que é vortioxetina?

A vortioxetina é um antidepressivo que atua em diferentes neurotransmissores, como serotonina, noradrenalina, dopamina, glutamato, histamina e acetilcolina. Sua eficácia no tratamento dos sintomas depressivos e alterações cognitivas foi comprovada por ensaios clínicos de curto e longo prazo. Entre suas principais vantagens estão a segurança no uso e o maior perfil de tolerabilidade, devido à menor incidência de efeitos colaterais em comparação a outros antidepressivos1,3.

Pertencente à classe dos inibidores seletivos de recaptação de serotonina (ISRS), o medicamento é comercializado no Brasil desde 20154.

Um estudo realizado na Ásia comparou a vortioxetina e a venlafaxina (antidepressivo dual) e concluiu que ambas foram eficazes no tratamento da depressão. No entanto, os pacientes apresentaram menor taxa de interrupção do uso com a primeira opção, devido à menor incidência de efeitos colaterais5.

Vale lembrar que, em média, 40% dos pacientes interrompem o tratamento do transtorno depressivo maior (TDM) caso não percebam melhora dos sintomas em até um mês, a menos que recebam apoio adicional4.

Por isso, ajustar o tipo de medicamento e manter um acompanhamento próximo durante o período de adaptação são passos essenciais para o sucesso terapêutico.

No próximo tópico, saiba para que serve a vortioxetina e as indicações e contraindicações do ativo.

Para que serve a vortioxetina?

A vortioxetina serve para o tratamento da depressão em pacientes adultos e atua como um antidepressivo multimodal. Ou seja, a substância não apenas modula a atividade dos receptores e inibe o transporte de serotonina, mas também influencia outros neurotransmissores cujo desequilíbrio está associado aos sintomas da doença4.

De forma geral, o uso é recomendado em situações como3:

  • pacientes com sintomas cognitivos associados à depressão;
  • quando se busca menor risco de disfunção sexual em comparação com outros ISRS;
  • casos com sintomas mínimos de descontinuação, devido à meia-vida longa;
  • situações com baixo risco de interações medicamentosas. 

Por outro lado, a substância não é indicada para pessoas com sensibilidade gastrointestinal (devido à possibilidade de náuseas), para o tratamento de transtornos de ansiedade generalizada (TAG), por não haver evidências suficientes, ou para uso combinado com inibidores/indutores potentes da enzima CYP2D63.

Quando bem tolerada, a medicação pode reduzir sintomas, como tristeza, dificuldade de memorização e concentração, distúrbios do sono e desinteresse pelas atividades cotidianas3.

Agora que você já sabe para que serve o medicamento, entenda a seguir como tomar vortioxetina de forma segura e eficaz no tratamento dos quadros depressivos.

Como tomar vortioxetina?

A forma correta de tomar vortioxetina é por via oral, com ou sem alimentos, preferencialmente pela manhã ou antes de dormir. O comprimido deve ser ingerido inteiro, com um pouco de água, sem mastigar6.

O medicamento está disponível em doses de 5 mg, 10 mg, 15 mg e 20 mg, e a posologia diária pode variar conforme a necessidade e tolerância do paciente. Por isso, é fundamental seguir exatamente a prescrição médica durante o período de adaptação6.

Geralmente, a dose inicial recomendada é de 10 mg uma vez ao dia. Caso necessário e bem tolerado, pode-se aumentar para até 20 mg/dia. Em algumas situações, o médico pode optar por reduzir para a dose mínima de 5 mg/dia6.

Mesmo após a melhora dos sintomas depressivos, é importante manter o tratamento pelo tempo indicado para consolidar a resposta antidepressiva, em média, cerca de seis meses6.

A interrupção do uso deve ser feita de forma gradual, conforme as orientações médicas, para garantir uma retirada segura e eficaz6.

Quais são os efeitos colaterais?

O efeito colateral mais comum da vortioxetina é a náusea, que ocorre em 21% a 32% dos pacientes, e é a principal causa de interrupção do tratamento. Geralmente, surge na primeira semana de uso, com 15% a 20% dos pacientes relatando o sintoma já no primeiro ou segundo dia3.

Mesmo após o período inicial, cerca de 10% dos pacientes ainda apresentam náuseas ao final do tratamento com doses de 10 a 20 mg por dia. Para reduzir o desconforto, recomenda-se tomar o medicamento junto às refeições3.

Outros efeitos adversos possíveis incluem3:

  • diarreia (7% a 10%);
  • boca seca (7%);
  • constipação (3% a 6%);
  • vômito (3% a 6%).

Para evitar a síndrome de descontinuação na suspensão do medicamento, recomenda-se que pacientes em doses de 15 a 20 mg/dia reduzam para 10 mg/dia durante uma semana antes da interrupção3.

Vortioxetina tira o sono?

A dúvida se a vortioxetina tira o sono é comum, já que muitos antidepressivos podem causar insônia. No entanto, esse não é um efeito típico do medicamento. Ainda assim, pode provocar alterações como sonhos anormais (mais frequentes) e suores noturnos (mais raros), que afetam a qualidade do sono6.

As reações podem variar conforme a dose e o horário de administração. Por isso, se notar mudanças no padrão de descanso, é importante informar o médico para que ele avalie a necessidade de ajuste ou acompanhamento mais próximo6.

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Por se tratar de um medicamento controlado, a compra da vortioxetina exige apresentação da receita de controle especial C1, modelo branco, válido por até 30 dias e emitido em duas vias: uma fica retida na farmácia para controle da Anvisa e a outra permanece com o paciente.

Esse tipo de prescrição é exigido para fármacos que atuam no sistema nervoso central, como antidepressivos, ansiolíticos, anticonvulsivantes e antipsicóticos. Portanto, mantenha a receita atualizada antes de ir à farmácia ou drogaria.

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Sobre o autor

Dr. Márcio de Queiroz Elias

Graduado em Medicina pela Faculdade de Medicina de Santo Amaro em 1994, concluiu sua especialização em Ginecologia e Obstetrícia no Hospital Beneficência Portuguesa de São Paulo em 1996. Entre 2004 e 2005, ocupou posições de liderança em maternidades e instituições hospitalares, onde consolidou sua experiência em gestão na área da saúde.

Conheça o autor

1. Al-Sukhni M, Maruschak NA, McIntyre RS. Vortioxetine: a review of efficacy, safety and tolerability with a focus on cognitive symptoms in major depressive disorder. Expert Opinion on Drug Safety. 2015 May 28;14(8):1291–304. Disponível em: https://www.tandfonline.com/doi/full/10.1517/14740338.2015.1046836. Acesso em agosto/2025.


2. Vortioxetine (Oral Route) Description and Brand Names - Mayo Clinic [Internet]. www.mayoclinic.org. Disponível em: https://www.mayoclinic.org/drugs-supplements/vortioxetine-oral-route/description/drg-20061387. Acesso em agosto/2025.


3. Psychopharmacology Institute [Internet]. Psychopharmacologyinstitute.com. 2025. Disponível em: https://psychopharmacologyinstitute.com/publication/vortioxetine-guide-pharmacology-indications-dosing-guidelines-and-adverse-effects-2912. Acesso em agosto/2025.


4. Russo de Freitas A. Vortioxetina (Brintellix®) no tratamento da depressão maior [Internet]. Boletim Farmacoterapêutica. 2016. Disponível em: https://revistas.cff.org.br/farmacoterapeutica/article/download/1927/1350/6070. Acesso em agosto/2025.


5. Wang G, Gislum M, Filippov G, Montgomery S. Comparison of vortioxetine versus venlafaxine XR in adults in Asia with major depressive disorder: a randomized, double-blind study. Current Medical Research and Opinion. 2015 Feb 19;31(4):785–94. Disponível em: https://www.tandfonline.com/doi/full/10.1185/03007995.2015.1014028#abstract. Acesso em agosto/2025.


6. Vortioxetina: Bula original, extraída manualmente da Anvisa | CR [Internet]. Consulta Remédios. Disponível em: https://consultaremedios.com.br/vortioxetina/bula. Acesso em agosto/2025.